NEOINSTITUCIONALISMO NO DIREITO
ENTRE A PESQUISA ACADÊMICA E A DOGMÁTICA JURÍDICA
DOI:
https://doi.org/10.21783/rei.v9i1.748Keywords:
Dogmática, Doutrina e Zetética, Neoinstitucionalismo, Pesquisa Científica, Pesquisa jurídica e pesquisa doutrinária, Pesquisa acadêmicaAbstract
O artigo pretende explorar as contribuições dos vários neoinstitucionalismos para a pesquisa jurídica a partir da distinção entre pontos de vista interno e externo ao Direito. Essa distinção, popularizada no trabalho de H.L.A. Hart e pelo debate subsequente, permite entender como a consideração das instituições pode desempenhar papéis diferentes para quem se engaja na prática jurídica para tomar uma decisão (ponto de vista interno) ou para estudá-la cientificamente (ponto de vista externo). A primeira parte do texto apresenta essa construção teórica e a relaciona com tipos de investigação jurídica (zetética, dogmática e prática). Em seguida, são apresentadas algumas contribuições que abordagens neoinstitucionalistas trazem para ambas as perspectivas – tanto de quem estuda o fenômeno jurídico (“sobre o Direito”), como de quem interpreta e se guia pelo Direito (“no Direito”). Ao final, por meio de um exemplo da relação entre Direito e Ciência Política, argumenta-se que é possível relacionar os pontos de vista, de maneira a qualificar a atuação dos profissionais com os aportes dos neoinstitucionalismos, enquanto se qualifica os estudos sobre instituições jurídicas pela consideração das interpretações dos praticantes.
Downloads
References
ABREU, S. D. S.; CAMPOS, M. M.; ALVES, T. D. C. B. A atuação do STF na Primeira República: uma análise sobre a path dependency nos anos 1914 a 1924. Revista de Ciências do Estado, Belo Horizonte, 6, n. 2, 2021. 1-36. Disponivel em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revice/article/view/e33554/e33554. Acesso em: 8 abr. 2023.
ACCA, T. D. S. Meu trabalho precisa de um capítulo histórico? In: QUEIROZ, R. M. R.; FEFERBAUM, M. Metodologia da Pesquisa em Direito: técnicas e abordagens para elaboração de monografias, dissertações e teses. 3ª ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023. p. 147-159.
ALMEIDA, D. D. S.; BOGOSSIAN, A. M. "Nos Termos do Voto do Relator”: considerações acerca da fundamentação coletiva. Revista Estudos Institucionais, v. 2, n. 1, p. 263-297, jul. 2016.
ANDRADE NETO, J. Participante ou observador? Uma escolha entre duas perspectivas metodológicas de estudo e aplicação do Direito. Revista DireitoGV, São Paulo, 12, n. 3, p. 869-891, set./dez. 2016. Disponivel em: https://www.scielo.br/j/rdgv/a/sDstDhXf4pPFz7rX5mYCWWC/?lang=pt#. Acesso em: 8 abr. 2023.
ARANTES, R. B. STF e Constituição policy-oriented. Suprema: Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 1, n. 1, p. 299-342, jan./jun. 2021. Disponivel em: https://suprema.stf.jus.br/index.php/suprema/article/view/26/23. Acesso em: 8 abr. 2023.
ARGUELHES, D. W.; LEAL, F. O argumento das “capacidades institucionais" entre a banalidade, a redundância e o absurdo. Direito, Estado e Sociedade, n. 38, p. 6-50, jan./jun. 2011.
BARREIRA, K. E. S. O Supremo Tribunal Federal e os Tratados Internacionais de Direitos Humanos: uma análise política das decisões judiciais. 188f. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2013.
BÔAS FILHO, O. V. Desafios da pesquisa interdisciplinar: as Ciências Sociais como instrumentos de "vigilância epistemológica" no campo dos estudos sociojurídicos. Revista Estudos Institucionais, 5, n. 2, p. 530-558, maio/ago 2019. Disponivel em: https://estudosinstitucionais.com/REI/article/view/301/454. Acesso em: 8 abr. 2023.
BOBBIO, N. O positivismo jurídico: lições de filosofia do Direito. Tradução de Márcio Pugliesi; Edson Bini e Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 1995.
BOLONHA, C.; EISENBERG, J.; RANGEL, H. Problemas institucionais no constitucionalismo contemporâneo. Direitos Fundamentais & Justiça, v. 5, n. 17, p. 288-309, out./dez. 2011.
BUSTAMANTE, T. D. R. D. Teoria do Precedente Judicial: A Justificação e a Aplicação de Regras Jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012.
CARVALHO, F. F. Achtung baby! Ou porque meu trabalho acadêmico não precisa de direito comparado. até que se prove o contrário. In: QUEIROZ, R. M. R.; FEFERBAUM, M. Metodologia da Pesquisa em Direito: técnicas e abordagens para elaboração de monografias, dissertações e teses. 3ª ed. São Paulo: SaraivaJur, 2023, p. 161-171.
CASIMIRO, M.; DA CUNHA FRANÇA, E. P.; NÓBREGA, F. F. B. Processos estruturais e diálogo institucional: Qual o papel do Poder Judiciário na transformação de realidades inconstitucionais? Revista Estudos Institucionais, v. 8, n. 1, p. 105-137, 2022. Disponivel em: https://www.estudosinstitucionais.com/REI/article/view/676/772. Acesso em: 8 abr. 2023.
CHYNOWETH, P. Legal research. In: KNIGHT, A.; RUDDOCK, L. Advanced Research Methods in the Built Environment. Oxford: Blackwell Publishing, 2008, p. 28-38. Disponível em: https://www.academia.edu/193154/Legal_Research. Acesso em: 8 abr. 2023.
CLAYTON, C. W.; GILLMAN, H. (Eds.). Supreme Court Decision-making: New Institucionalist Approaches. Chicago: The University of Chicago Press, 1999.
COUTINHO, D. R. Direito e institucionalismo econômico: apontamentos sobre uma fértil agenda de pesquisa. Brazilian Journal of Political Economy, v. 37, n. 3, p. 565-586, jul. 2017. Disponivel em: https://doi.org/10.1590/0101-31572017v37n03a06. Acesso em: 8 abr. 2023.
CRESWELL, J. W. Research design: qualitative, quantitative, and mixed methods approaches. 3rd. ed. Los Angeles; London; New Delhi; Singapore: Sage, 2009.
CZELUSNIAK, V. A. Análise da aplicação do direito fundamental da defesa do consumidor sob um aspecto juseconômico. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFBA, v. 29, n. 1, p. 126-142, jan./jun. 2019.
CZELUSNIAK, V. A.; RIBEIRO, M. C. P.; DERGIN, D. E. A. Contratos de transferência de tecnologia e a Teoria da Nova Economia Institucional. Revista da Faculdade de Direito UFMG, Belo Horizonte, n. 72, p. 629-661, jan./jun. 2018.
DEL RÍO, A. La era Vargas y la trayectoria del Supremo Tribunal Federal de Brasil: un análisis histórico institucional 1930-1945. Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 298-320, mai.-ago. 2015. Disponivel em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5104846.pdf. Acesso em: 8 abr. 2023.
DWORKIN, R. O império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
EPSTEIN, L.; KNIGHT, J. Toward a Strategic Revolution in Judicial Politics: A Look Back, A Look Ahead. Political Research Quarterly, v. 53, n. 3, p. 625-661, Sept. 2000.
FERRAZ JR., T. S. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.
FIORETOS, K. O.; FALLETI, T. G.; SHEINGATE, A. Historical Institutionalism in Political Science. In: FIORETOS, K. O.; FALLETI, T. G.; SHEINGATE, A. The Oxford Handbook of Historical Institucionalism. Oxford: Oxford University Press, 2016, p. 3-30.
FRAGALE FILHO, R.; VERONESE, A. A pesquisa em Direito: diagnóstico e perspectivas. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 1, n. 2, p. 53-70, nov. 2004.
GABARDO, E.; MORETTINI, F. T. R. Institucionalismo e pesquisa quantitativa como metodologia de análise de decisões judiciais. Revista da Faculdade de Direito UFMG, Belo Horizonte, n. 63, p. 151-180, jul./dez. 2013. Disponivel em: https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/download/P.0304-2340.2013v63p151/1433. Acesso em: 8 abr. 2023.
HALL, P. A.; TAYLOR, R. C. R. As três versões do neo-institucionalismo. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 58, p. 193-223, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ln/a/Vpr4gJNNdjPfNMPr4fj75gb/abstract/?lang=pt. Acesso em: 8 abr. 2023.
HART, H. L. A. O conceito de direito. Tradução de Antônio de Oliveira Sette-Câmara. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
IMMERGUT, E. M. The theoretical core of the new institutionalism. Politics & Society, v. 26, n. 1, p. 5-35, Mar. 1998.
IMMERGUT, E. M. Historical-Institutionalism in Political Science and the Problem of Change. In: WIMMER, A.; KÖSSLER, R. Understanding Change. London: Palgrave Macmillan, 2006, p. 237-259.
KLAFKE, G. F. Continuidade e mudanças no atual modelo de acórdãos do STF: a prática, as razões para sua manutenção e caminhos para aperfeiçoamento. 349f. Tese (Doutorado). Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo do Largo de São Francisco. São Paulo, 2019.
KOERNER, A.; TOMIO, F. R. D. L. Política e direito no STF: resultados de pesquisa e problemas para a análise sobre a jurisdição constitucional no Brasil. In: BATISTA, M.; RIBEIRO, E.; ARANTES, R. As teorias e o caso. Santo André: Editora UFABC, 2021, p. 191-238. Disponivel em: https://books.scielo.org/id/d3r7w/pdf/batista-9786589992295-07.pdf. Acesso em: 8 abr. 2023.
LAUTH, H.-J. Formal and Informal Institutions. In: GANDHI, J. Routledge handbook of comparative political institutions. Milton Park, Abingdon, Oxon ; New: Routledge, 2015, p. 56-69.
LOIS, C. C.; TAVARES, R. D. S. Direito, Deliberações Coletivas e Limites da Racionalidade: uma análise dos fenômenos das cascatas sociais e polarização grupal. Argumenta Journal Law, n. 13, p. 155-167, fevereiro 2013. Disponivel em: http://seer.uenp.edu.br/index.php/argumenta/article/view/178. Acesso em: 8 abr. 2023.
MACCORMICK, N. H.L.A. Hart. Tradução de Cláudia Santana Martins. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
MACEDO JR., R. P. Do xadrez à cortesia: Dworkin e a teoria do direito contemporânea. São Paulo: Saraiva, 2013.
MARIANO SILVA, J. Mapeando o Supremo: As posições dos ministros do STF na jurisdição constitucional (2012-2017). Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 37, n. 1, p. 35-54, jan./abr. 2018.
MARTINS, R. Mapeando comportamentos com estimação de pontos ideais. Revista Política Hoje, v. 30, n. 1, p. 339-394, abril 2021. Disponivel em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/politicahoje/article/view/246525/41691. Acesso em: 8 abr. 2023.
NOBRE, M. Apontamentos sobre a pesquisa em Direito no Brasil. Cadernos Direito GV, São Paulo, p. 1-19, set. 2009. Disponivel em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2779/Pesquisa_Direito_Cadernos_Direito_GV.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 8 abr. 2023.
PERES, P. S. Comportamento ou instituições? A evolução do neo-institucionalismo da ciência política. Revista brasileira de ciências sociais, v. 23, p. 53-71, 2008. Disponivel em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=10713666009. Acesso em: 08 abr. 2023.
PERRY, S. R. Holmes versus Hart: The Bad Man in Legal Theory. In: BURTON, S. J. The Path of the Law and Its Influence: The Legacy of Oliver Wendell Holmes, Jr. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 158-196. Paperback cover. (Cambridge studies in philosophy and law).
POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. Introduction. In: POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. (eds.). The New institutionalism in organizational. Chicago: University of Chicago Press, 1991, p. 1-38.
QUEIROZ, R. M. R. Metodologia da Pesquisa Jurídica. In: CAMPILONGO, C. F.; GONZAGA, A.; FREIRE, A. L. Enciclopédia Jurídica da PUCSP - tomo 1 (recurso eletrônico): teoria geral e filosofia do direito. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, v. 1, 2017. Disponivel em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/151/edicao-1/metodologia-da-pesquisa-juridica. Acesso em: 8 abr. 2023.
REALE, M. Teoria do direito e do Estado. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
SANTOS, L. C.; BALBI, G.; KLAFKE, G. F. Controle da relevância e urgência em medidas provisórias pelo STF. Suprema - Revista de Estudos Constitucionais, Brasília, v. 2, n. 1, jan./jun. 2022. Disponivel em: https://suprema.stf.jus.br/index.php/suprema/article/view/158/63. Acesso em: 8 abr. 2023.
SHAPIRO, S. J. The Bad Man and the Internal Point of View. In: BURTON, S. J. The Path of the Law and Its Influence: The Legacy of Oliver Wendell Holmes, Jr. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 197-210. Paperback cover. (Cambridge studies in philosophy and law).
SHAPIRO, S. J. O que é o ponto de vista interno? Revista DireitoGV, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 1-20, 2022. Tradução de João Henrique Luttmer e Bárbara Ronsoni de Oliveira.
STANICIA, S. T. Como avaliar a pesquisa doutrinária em Direito. Revista Jurídica Luso-Brasileira, v. 8, n. 2, p. 2109-2141, 2022. Disponivel em: https://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2022/6/2022_06_2109_2141.pdf. Acesso em: 8 abril 2023.
TOLEDO, C. J. T. D. O neoinstitucionalismo histórico como método de análise jurídica de políticas públicas: o estudo da trajetória da política de carreira docente. Revista de Estudos Institucionais, v. 5, n. 3, p. 977-1002, set./dez. 2019. Disponivel em: https://estudosinstitucionais.com/REI/article/view/440/436. Acesso em: 8 abr. 2023.
TORRE, M. L. Institutionalism Old and New. Ratio Juris, v. 6, n. 2, p. 181-189, July 1993. Disponivel em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-9337.1993.tb00147.x. Acesso em: 8 abr. 2023.
TORRE, M. L. Teorías institucionalistas del Derecho (esbozo de una voz de enciclopedia). Derechos y Libertades: revista del Instituto Bartolomé de las Casas, n. 14, p. 103-112, Enero 2006.
VALENTE, S. R. D. P. Direito e Políticas Públicas: uma visão jurídico-institucional sobre o caso do saneamento básico no Brasil. Revista de Estudos Institucionais, v. 5, n. 3, p. 1064-1092, set./dez. 2019. Disponivel em: https://estudosinstitucionais.com/REI/article/view/440/436. Acesso em: 8 abr. 2023.
VERMEULE, A.; SUSTEIN, C. R. Interpretation and Institutions. Michigan Law Review, v. 101, p. 885-951, 2003. Disponivel em: https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=12319&context=journal_articles. Acesso em: 8 abr. 2023.
XAVIER, J. R. A pesquisa empírica e o Direito. Rio de Janeiro: Autografia, 2018. Disponivel em: https://www.academia.edu/40771028/A_pesquisa_emp%C3%ADrica_e_o_Direito. Acesso em: 8 abr. 2023.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2023 Guilherme Forma Klafke
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
The authors hold their copyright and concede to the JOURNAL OF INSTITUTIONAL STUDIES the right to the first publication, in accordance with the Creative Commons Attribution license.
Authors are strongly encouraged to publish their manuscripts in other medias, such as institutional repositories and personal pages. The Journal only requires the credits of the first publication.